sexta-feira, 29 de abril de 2011

Além da Terra, além do Céu

Além da Terra, além do Céu

Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tragédia no Rio reacende discussões sobre desarmamento no Brasil

A chacina que deixou 12 crianças mortas em uma escola do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (7/4), reacendeu o debate sobre a questão do desarmamento no Brasil. Apenas um dia depois da tragédia, políticos se manifestaram a favor da revisão do estatuto que regula o porte, a venda e o registro de armas no país. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu, nesta sexta-feira, a revogação do Estatuto. ''Acho que deveria ser um projeto de lei revogando a lei anterior e rediscutindo o assunto. A realidade hoje é inteiramente outra da que nós votamos a lei'', afirmou Sarney, que disse ser favorável a uma lei de ''tolerância zero'' em relação às armas'''.

O senador admitiu que a proibição da venda e do porte de armas não irá, necessariamente, evitar tragédias como a que aconteceu no Rio de Janeiro, mas afirmou que a permissão da comercialização de armas abre caminho para a aquisição de armas clandestinas. O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, também defendeu a rediscussão do Estatuto do Desarmamento. "Qualquer campanha, rediscussão e legislação que seja séria e mostre resultado será bem-vinda", declarou Beltrame, em coletiva depois da tragédia.

Até o final de 2010, havia 58 propostas em tramitação na Câmara dos Deputados que alteravam dispositivos do Estatuto. Destas, 24 propunham a ampliação das categorias profissionais que podem portar armas de fogo. Por outro lado, outras propostas queriam aumentar as restrições para o porte de arma.

Nesta quinta-feira, a deputada federal e ex-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT/RJ), lamentou que o Brasil tenha perdido, durante o referendo de 2005, a chance de se livrar das armas. ''Uma arma sempre é uma coisa perigosa. Lamentavelmente nosso país perdeu a oportunidade de desarmar as pessoas numa belíssima campanha'', afirmou.

Para o sociólogo e professor do curso de Direito do Centro Universitário Newton Paiva, Carlos Magalhães, mesmo com a comoção nacional em torno da tragédia, é difícil que a legislação sobre o assunto seja revista, já que ela é muito recente. ''A população já foi consultada em 2005. Politicamente, é muito complicado fazer outro referendo'', afirmou.

Já para a ONG carioca Viva Rio, o problema não está na legislação sobre o assunto, que é restritiva, e sim no controle feito pelo governo. O pesquisador do Centro de Estudos de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, Robson Sávio, concorda com a tese.
''É uma legislação boa, mas é o tipo de lei que não pegou. Há uma facilidade muito grande em se adquirir armas ilegais no Brasil. Primeiro, pelo contrabando de armas via fronteira. Outra via é pela corrupção policial e através do assalto de pessoas que tem armas ou de lojas que comercializam armas'', afirma o pesquisador.

Segundo o pesquisador, além do problema da facilidade de aquisição de armas no país, existe outro fator, de ordem cultural, que contribui para o aumento da violência: o pensamento que as pessoas têm de que o porte de uma arma é garantia de proteção. ''Temos a cultura de que o problema da insegurança é resolvido com armamento, ou seja, medidas de proteção individuais. Mas ter uma arma em casa não é medida de proteção, é de” vitimização'', afirma Sávio.

Entenda

Em 2005, a população brasileira foi às urnas para decidir se o comércio de armas de fogo e munição deveria ser proibido no Brasil. Na ocasião, o ''não'' ganhou com 63,9% dos votos. O ''sim'', que representava as pessoas que queriam a proibição do comércio de armas, ficou com 36,06%. Com o resultado, ficaram mantidas as regras do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826), promulgado em 2003, que restringe a posse e o uso de armas de fogo a algumas classes de trabalhadores.

Atualmente, para obter o porte de arma, é necessário que a pessoa declare a necessidade da arma, apresente certidões negativas de antecedentes criminais, comprove capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo e não esteja respondendo a inquérito policial ou processo criminal. Além disso, o registro da arma precisa ser renovado. Essas exigências não se aplicam para o uso de armas em serviço por algumas categorias profissionais, como as Forças Armadas, agentes de segurança pública, de segurança privada, auditores da Receita Federal, entre outros.

Luisa Brasil
Publicação: 08/04/2011 18:21 Atualização:

Fonte: Correio Braziliense, Brasília, domingo 10 de abril de 2011

Informativo bullying

- O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. O “fenômeno” sempre existiu desde a década de 70, porém tornou-se mais conhecido após influencia dos meios eletrônicos, da mídia e das conseqüências trágicas - como mortes e suicídios.
- O BULLYING compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente. É uma das formas de violência que mais cresce no mundo, podendo ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho.
- Exemplos: Colocar apelidos; Quebrar pertences; Ofender; provocar; Criticar; zombar; Ridicularizar; Humilhar; Fazer sofrer; Discriminar; Excluir; Isolar; Ignorar; Intimidar; Perseguir; Assediar; Aterrorizar Amedrontar; Tiranizar; Dominar; Agredir; Bater; Chutar; Empurrar; Ferir; furtar.
- Discussões ou brigas pontuais não são bullying. Conflitos entre professor e aluno, por exemplo, não são considerados bullying. Para que seja bullying, é necessário que a agressão ocorra entre pares (colegas de classe ou de trabalho, por exemplo), além disso, a agressão física ou moral deve apresentar quatro características: a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com relação à ofensa. Todo bullying é uma agressão, mas nem toda a agressão é classificada como bullying.
-Características dos bullies: Pesquisas indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Querer ser mais popular, sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir; sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.
- Os envolvidos no bullying: ALVOS (só sofrem BULLYING); ALVOS/AUTORES (ora sofrem, ora praticam BULLYING); AUTORES (são os que só praticam BULLYING); TESTEMUNHAS de Bullying (são os que não sofrem nem praticam Bullying, mas convivem em um ambiente onde isso ocorre).

Admite-se que os que praticam o BULLYING têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinqüentes ou criminosas.
-CONSEQUÊNCIAS: distanciamento dos objetivos escolares; dificuldade de adaptação às regras escolares e sociais; supervalorização da conduta violenta, como forma de obtenção de poder; consolidação de condutas autoritárias e abusivas; desenvolvimento de futuras condutas delituosas; manifestação de condutas agressivas e violentas na vida adulta, como o assédio moral e a violência doméstica.

Algumas reagem negativamente diante da violação de seu direito a aprender em um ambiente seguro, solidário e sem temores. Tudo isso pode influenciar negativamente sobre sua capacidade de progredir acadêmica e socialmente.
- CONSEQUÊNCIAS: ansiedade, insegurança, aflição, tensão, irritabilidade; medo de se tornar a “próxima vítima”; prejuízos no processo de aprendizagem e socialização; desenvolvimento de atitudes de conivência, intolerância, desrespeito, individualismo e dificuldade de empatia.

Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos.Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com freqüência, ou abandonam os estudos. Há jovens que cometem atos auto-agressivos.
- CONSEQÜÊNCIAS: Aprendizagem (déficit de concentração; queda do rendimento escolar; desinteresse pela escola; reprovação; evasão escolar); Emocionais (queda da auto-estima; baixa resistência imunológica; sintomatologia psicossomática diversificada; estresse pós-traumático, fobia escolar e social; transtornos mentais; depressão; pensamentos de vingança e de suicídio; agressividade, impulsividade, hiperatividade; uso de substâncias químicas).


- SINAIS DE BULLYING: Demonstra falta de vontade de ir à escola; Sente-se mal perto da hora de sair de casa; Pede para trocar de escola; Pede sempre para ser levado à escola; Muda freqüentemente o trajeto entre a casa e a escola; Apresenta baixo rendimento escolar; Volta da escola, repetidamente, com roupas e materiais rasgados; Chega muitas vezes em casa com machucados sem explicação convincente; Parece angustiado, ansioso e deprimido; Tem pesadelos constantes com pedidos de “socorro” ou “me deixa”; “Perde”, repetidas vezes, seus pertences e dinheiro.
- Observe qualquer mudança no comportamento.
- Estimule para que fale sobre o seu dia-a-dia na escola.
- Não culpe a criança pela vitimização sofrida.
- Transforme o seu lar num local de refúgio e segurança.
- Ajude a criança a expressar-se com segurança e confiança.
- Valorize os aspectos positivos da criança e converse sobre suas dificuldades pessoais e escolares.
- Mantenha diálogo com a escola e acompanhe a vida acadêmica de seu(sua) filho(a).
-Procure ajuda psicológica e de profissionais especializados.
- Apresenta distanciamento e falta de adaptação aos objetivos escolares.
- Volta da escola com ar de superioridade, exteriorizando ou tentando impor sua autoridade sobre alguém.
- Apresenta aspecto e/ou atitudes irritadiças, mostrando-se intolerante frente a qualquer situação ou aos diferentes aspectos das pessoas.
- Costuma resolver seus problemas, valendo-se da sua força física e/ou psicológica.
- Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com os irmãos e pais, podendo chegar a ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física.
- Porta objetos ou dinheiro sem justificar sua origem.
- Apresenta habilidades em sair-se de “situações difíceis”.

- Observe atentamente os comportamentos e os sentimentos expressos pela criança./adolescente.
- Mantenha tranqüilidade e calma.
- Converse, objetivando encontrar os motivos que o levam a agir desta maneira.
- Reflita sobre o modelo educativo que você está oferecendo ao seu filho.
- Evite bater ou aplicar castigos demasiadamente severos. Isso só poderá promover raiva e ressentimentos.
- Procure profissionais que possam auxiliá-lo a lidar com esse tipo de comportamento.
- Dê segurança e amor.
- Incentive a mudança de atitudes.
- Um bom começo é pedir desculpas e deixar a vítima em paz.
- Não ignore o fato ou ache desculpas para as suas atitudes.
- Lembre-se que com o tempo esse comportamento pode conduzir a uma vida delituosa e infeliz.
- Procure a direção da escola ou ajuda de um conselho tutelar.
- Participe de projetos solidários propostos pela escola e incentive seu filho a participar.
- Legislação: No Brasil, a gravidade do ato pode levar os jovens infratores à aplicação de medidas sócio-educativas. De acordo com o código penal brasileiro, a negligência com um crime pode ser tida como uma co-autoria. Na área civil, e os pais dos bullies podem, pois, ser obrigados a pagar indenizações e podem haver processos por danos morais.

NOAP – Núcleo de Orientação e Apoio Psicológico - Colégio Cometa de Irecê
Narjara Dourado Lopes - Psicóloga – CRP 03/3124